Se
louvar a Deus é algo excelente, Deus estaria errado em não se deleitar com o
louvor
Se a excelência e a
glória de Deus são dignas de ser altamente estimadas e desfrutadas por ele, a
estima de tais atributos por outros é digna de sua deferência, uma vez que se
trata de uma consequência necessária.
A fim de deixar isso
claro, devemos considerar o que acontece no caso da deferência para com as
qualidades excelentes de outrem. Se temos em alta estima as virtudes e
excelências de um amigo, devemos, na mesma medida, aprovar a estima de outros
por ele e desaprovar o desprezo de outros por ele. Se essas virtudes são
verdadeiramente preciosas, também são dignas de que aprovemos a estima de
outros e desaprovemos o desprezo de outros.
O mesmo se aplica às
próprias qualidades e aos próprios atributos de qualquer ser. Se ele os tem em
alta estima e se deleita grandemente neles terá, natural e necessariamente,
grande prazer em vê-los ser estimados por outros e grande desprazer em vê-los
ser desprezados por outros. E, se os atributos são dignos da mais alta estima
pelo ser que os possui, a estima desses atributos por outros também é digna de
aprovação e respeito proporcionais.
Desejo que levemos em
consideração se é inapropriado Deus se desagradar do desprezo de outros para
com ele. Em caso negativo, sendo antes conveniente e apropriado que ele se desagrade
do desprezo, os mesmos motivos justificam que ele se agrade com a estima, a
honra e o amor verdadeiro para com ele.
Também poderíamos
esclarecer a questão considerando o que é adequado aprovar e estimar em
qualquer sociedade pública à qual pertencemos; por exemplo, o nosso país.
Convém amar o nosso país e, portanto, estimar a sua honra legítima. Então,
assim como convém estimar e desejar para um amigo e assim como convém desejar e
buscar para uma comunidade, também convém a Deus estimar e buscar para si
mesmo; ou seja, tomemos por base a suposição de que convém a Deus amar-se do
mesmo modo como convém aos homens amar um amigo ou uma sociedade.